Ocergs defende parceria ou incorporação

Um dos graves problemas que o cooperativismo gaúcho está enfrentando é o saneamento financeiro das cooperativas. Assoladas por diversas frustrações de safras, as cooperativas viraram reféns de bancos e os associados reféns das cooperativas. Esta situação, nos últimos anos, tem preocupado o governo que lançou diversos programas de saneamento, capitalização e capital de giro para tais cooperativas. Estes programas, porém, estão sendo inúteis para a maioria das cooperativas endividadas, pois estas não possuem garantias exigidas pelos bancos. Ao contrário, as que possuem boa saúde financeira são as mais aquinhoadas por tais programas. Segundo Vergilio Perius, presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, para solucionar o impasse, está surgindo em nosso Estado uma proposta que terá melhores chances de fazer o diferencial. A solução viria através da intercooperação, ou seja, via cooperação entre cooperativas para alcançar os recursos financeiros através de parcerias ou incorporações.

Explica o dirigente que, hoje no Rio Grande do Sul, existem 227 cooperativas agropecuárias. Analisando as 55 maiores, observa-se que o cooperativismo agrário gaúcho é extremamente forte e competente e com crescimento anual no faturamento. No ranking de 2008, tais cooperativas vinculadas à FecoAgro, tiveram um faturamento de R$ 8,94 bilhões, com crescimento de 14,27 % sobre 2007. Ocorre que praticamente 34 destas cooperativas somam 94 % desse faturamento. A solução para tais entidades seria via parceria ou incorporação. Todos os associados ganhariam com a economia de escala, logística, tecnologia com ganhos na produção, armazenagem e industrialização.

Esta proposta que está sendo discutida e, em alguns casos já praticada, consiste que por ocasião da liberação dos recursos financeiros, as cooperativas com melhor saúde financeira se comprometeriam a assumir um maior volume de recursos que se destinarão a sanear uma ou mais cooperativas de sua área de ação. Isto pode ocorrer de duas formas: parceria ou incorporação. Pela parceria, seria feito um contrato entre as cooperativas onde, a de melhor de saúde passaria a administrar outra cooperativa. Em troca, a venda da produção dos associados. A cooperativa menor arrendaria suas unidades e os associados teriam participação anual sobre os resultados. Já a incorporação seria negociada com aquisição de todos os bens da cooperativa e saneamento das dívidas. Em troca, os associados fariam parte da cooperativa maior, entrando com quota-parte advinda das sobras da venda de todos os bens. Tudo ficaria no sistema cooperativista, fortalecendo todo o sistema.

 

Lembra Vergilio, que no Paraná atuam somente 71 cooperativas agropecuárias contra 227 no RS. Naquele Estado, as cooperativas conseguiram exportar, neste primeiro semestre, US$ 430 milhões de dólares, contra US$ 132 milhões no Estado gaúcho. “Hoje, temos que fortalecer as cooperativas e para isso o caminho para os próximos anos vai passar pela redução de cooperativas, via incorporações, fusões ou outras parcerias. Num levantamento prévio, poderiam ser atingidas em torno de 60 cooperativas que estão em situação mais difícil, através deste projeto. Tudo seria estudado, caso a caso”.

Seria constituído um Comitê Gestor Estadual com a participação efetiva de organismos financeiros como BRDE, Bansicredi, Central Sicredi e das Federações como a Fecovinho, FecoAgro, Fecolã, Fecoergs, Fearroz e o sistema Ocergs/Sescoop/RS.

O projeto está em estudos finais pelos técnicos das entidades, sendo que já foram encaminhados dois casos, um de parceria e outro de incorporação para uma solução final. Quem ganha é o associado e o sistema que está colocando em prática um de seus princípios que é a intercooperação.