Primeira Casa Cooperativa do Brasil é fundada no RS
O dia 15 de julho foi muito importante para Nova Petrópolis, a Capital Nacional do Cooperativismo. A data marcou a assembleia de fundação da primeira Casa Cooperativa do País, presidida por Márcio Port, também presidente da Sicredi Pioneira RS, e vice-presidida por Gilberto Kny, presidente da Cooperativa Piá.
Os principais objetivos da Casa são promover a educação e a cultura do cooperativismo, incentivando a criação e o desenvolvimento de cooperativas e associações através da articulação de redes de cooperação, além de estimular o desenvolvimento de lideranças. Os associados podem ser pessoas físicas ou jurídicas, brasileiras ou estrangeiras, desde que tenham o princípio de valorizar o cooperativismo e o associativismo. A Assembleia Geral da Casa será anual e a Diretoria e os conselhos Fiscal e Executivo terão mandatos de três anos. Os recursos serão captados via doações, promoções, subvenções e auxílios público e privado.
As entidades fundadoras da Casa Cooperativa são: Associação Amstad, Acinp, Ahica, Construcia, Combosul, Piá, Sicredi Pioneira RS, Escola Bom Pastor, Facenp e Prefeitura de Nova Petrópolis.
A Diretoria e os conselhos Fiscal e Executivo da Casa Cooperativa tomaram posse após a Assembleia. Compuseram a mesa oficial o presidente da ACI (Aliança Cooperativa Internacional) Américas, Ramon Imperial Zuñiga; o prefeito em exercício de Nova Petrópolis, Ricardo Lawrenz; o prefeito de Sunchales, Oscar Trinchieri; o deputado federal Pepe Vargas e o diretor do Departamento de Cooperativismo do governo do Estado, Gervásio Plucinski, representando o governador Tarso Genro, e o presidente da Casa Cooperativa de Sunchales, Raul Colombetti, eleito membro benemérito da Casa.
A vice-presidente da Câmara de Vereadores de Sunchales, Laura Balbuino, leu uma homenagem do poder legislativo da cidade argentina à Casa Cooperativa. O prefeito de Sunchales, Oscar Trinchieri, disse sentir-se em casa quando está em Nova Petrópolis. “Tenho certeza que Sunchales e Nova Petrópolis vão continuar se desenvolvendo ainda mais no cooperativismo, sempre uma podendo contar com a outra”, afirmou.
A noite teve ainda apresentação dos alunos do Colégio Bom Pastor e homenagens ao relator da lei municipal que tornou Nova Petrópolis capital do cooperativismo, Jorge Luiz Lüdke, e ao deputado federal Pepe Vargas, que auxiliou município a conquistar este título em nível federal.
Participação de Ramón Imperial
O encerramento das celebrações foi feito por Ramon Imperial Zuñiga, que ministrou a palestra magna “Cooperativismo nas Américas”.
Para Zuñiga, a cooperativa tem como diferencial ser uma empresa social que gera benefícios para todos os participantes e para a comunidade. Para ele, um dos aspectos mais importantes do cooperativismo é a educação. “É muito importante aplicar de maneira permanente programas de educação e formação cooperativa. Os princípios do cooperativismo só conquistam as pessoas com a educação. Por isso fico muito feliz com projetos como os das cooperativas escolares, que são constantes em Sunchales e que estão mexendo com o coração dos alunos de Nova Petrópolis. Isso é cultivar a semente do cooperativismo nas pessoas”, disse.
O palestrante ressaltou que as entidades precisam ter equilíbrio, ser competitivas no mercado e, ao mesmo tempo, garantir o desenvolvimento cooperativo, pensando sempre na sociedade. “Numa cooperativa os seres humanos são o mais importante, mas é importante manter o equilíbrio entre o desenvolvimento empresarial e os próprios associados”, afirmou.
Zuñiga ainda falou sobre a Aliança Cooperativa Internacional e lembrou que 2012 será o Ano do Cooperativismo, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Temos que aproveitar esse momento para fomentar ainda mais o cooperativismo”.
Ao final, o presidente da ACI Américas foi aplaudido de pé e recebeu uma lembrança do coordenador do Conselho Fiscal da Casa Cooperativa, Adriano Fiorini. Márcio Port, Raul Colombetti, Gilberto Kny e Gervásio Plucinski descerraram uma placa que comemorou a vinda de Zuñiga ao Brasil e que será fixada no monumento ao cooperativismo de Nova Petrópolis.
Pela manhã, Imperial já havia apresentado a “Caja Popular Mejicana”, da qual é presidente. A entidade possui 1,96 milhão de associados, 430 sucursais, 4.900 empregados e 3.000 dirigentes. Suas funções são promover e fomentar a cultura, tornar os serviços de crédito e poupança acessíveis a todos, combater a usura, formar e educar pessoas.
A Caja Popular Mejicana (Caixa Popular Mexicana) é equivalente ao sistema cooperativo de Crédito brasileiro, mas com diferenças significativas: no México, os associados ainda não podem utilizar talão de cheques e cartões da Caja Popular, ao contrário do cooperativismo de Crédito de nosso País.
“O êxito de uma cooperativa depende do equilíbrio entre os aspectos social e empresarial. Se uma cooperativa se concentra apenas no lado filosófico, ela não funciona. Mas se ocupar-se apenas com a parte empresarial, deixa de ser cooperativa. Isto é muito difícil, mas se dá a partir do equilíbrio entre a participação de sócios, dirigentes e empregados”, declarou Zuñiga, no encerramento de sua palestra sobre a Caja Popular.
Participação da comitiva de Sunchales
Uma delegação de 70 argentinos da cidade-irmã de Nova Petrópolis, Sunchales, acompanhou os eventos dos dias 14 e 15. A capital argentina do cooperativismo foi uma das principais incentivadoras da Cooperativa escolar Cooebompa e da Casa Cooperativa.
Para o prefeito de Sunchales, Oscar Trinchieri, a viagem a Nova Petrópolis foi altamente positiva porque une ainda mais as Capitais Nacionais do Cooperativismo de duas nações. “Ficamos felizes em ver que Sunchales serviu de exemplo a Nova Petrópolis”, disse o prefeito, referindo-se à fundação da cooperativa escolar Cooebompa e da Casa Cooperativa.
Trinchieri também falou sobre as diferenças existentes entre Brasil e Argentina. “Na presença de Vergilio Perius (presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS), vemos que o Rio Grande do Sul tem uma entidade para impulsionar o movimento cooperativo. Na Argentina e Província de Santa Fé (onde fica Sunchales), isso não existe. Por quatro anos fui responsável pelas cooperativas do meu Estado, como o Vergilio, mas tive muitas dificuldades. Temos que copiar este modelo brasileiro de impulso às cooperativas”, afirmou o prefeito argentino sobre o Sistema Ocergs-Sescoop/RS.

Foto: Mauro Stoffel
Representação