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Aumenta a concentração no crédito rural

Aumenta a concentração no crédito rural

A contratação de crédito rural no sistema financeiro chegou a R$ 159,6 bilhões na primeira metade da safra 2021/22, segundo levantamento do Ministério da Agricultura. O montante é 30% superior ao dos seis primeiros meses da temporada anterior, quando as contratações somaram R$ 122,6 bilhões.

O número total de contratos, no entanto, diminuiu 7% no período, para pouco mais de 1 milhão, o que mostra um aumento da concentração dos recursos liberados. O número de empréstimos para investimentos diminuiu 15%, com queda ainda mais acentuada, de 16%, nas operações da agricultura familiar nessa categoria.

De julho a dezembro, foram R$ 86,8 bilhões para operações de custeio, acima dos R$ 67,2 bilhões registrados no mesmo período de 2020. Para investimentos, os produtores acessaram R$ 46,7 bilhões, 24% a mais que na safra anterior.

O maior salto ocorreu na comercialização, cujas contratações alcançaram R$ 17,3 bilhões nos seis primeiros meses da safra, ou 65% a mais que os R$ 10,5 bilhões dos seis meses iniciais da temporada 2020/21. Para industrialização, foram R$ 8,8 bilhões, elevação de 23% em relação ao período anterior, de acordo com o Ministério da Agricultura.

A participação dos recursos controlados, com e sem equalização, manteve-se no mesmo patamar em que estava em dezembro de 2020, com 68% do total acessado pelos produtores, mesmo com a escalada de juros e a procura mais intensa por dinheiro mais barato. O valor liberado foi maior, de R$ 108,3 bilhões, sendo que metade veio da poupança rural controlada (R$ 44,7 bilhões) e dos recursos obrigatórios (R$ 35,7 bilhões), principais fontes até o momento.

A liberação de recursos livres chegou a R$ 51,3 bilhões, puxada principalmente pela poupança rural livre, com quase R$ 25 bilhões. Em seguida aparecem as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), com R$ 18,3 bilhões.

Com a forte procura por crédito rural, o governo fez dois remanejamentos nas linhas equalizáveis do Plano Safra durante o primeiro semestre, um em setembro e outro em dezembro, sem acréscimo de recursos novos. O movimento mais recente alterou os limites internos de sete instituições financeiras - Banco do Brasil, Banrisul, BDMG, BNDES, Caixa, Credicoamo e Sicoob - e aumentou a disponibilidade para custeio em R$ 1,7 bilhão, sendo R$ 710 milhões para o Pronaf, R$270 milhões para o Pronamp e R$ 741 milhões para demais produtores. Nos investimentos, houve reforço de R$ 195 milhões no ABC e R$ 93 milhões no PCA.

Segundo o Ministério da Agricultura, apesar de algumas linhas terem sido fechadas já no início da safra por comprometimento dos recursos, ainda existe saldo remanescente de 36% em programas de investimentos com equalização e de 37% nos de custeio, comercialização e industrialização.

A atenção agora está voltada para a eventual necessidade de recursos para apoio aos produtores atingidos pela seca no Sul do país. Com restrições fiscais e orçamentárias, qualquer ação do governo de renegociação de dívidas ou crédito emergencial pode diminuir o volume de dinheiro com subvenção. "Se alguma orientação nesse sentido for necessária, alguém vai deixar de receber recursos nas linhas do Plano Safra que ainda não estão totalmente exauridas. Ainda há recursos para alocação, mas que poderão ser remanejados para atender uma eventual renegociação", afirma o secretário de Política Agrícola, Guilherme Bastos.

Fonte: Valor Econômico - SP

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