Fórum debate perspectivas do Agronegócio Cooperativo
Atento ao grupo de maior expressão econômica no Rio Grande do Sul, formado pelas cooperativas agropecuárias, o Sescoop/RS promoveu na manhã desta sexta-feira (26), na sede da Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo – Escoop, o Fórum Momentos e Perspectivas do Agronegócio Cooperativo, que contou com a parceria da Rede Brasil de Jornalistas Agro e valeu como curso de extensão da Escoop.
Com o objetivo de oferecer um espaço de debate e qualificação profissional sobre um dos mais relevantes segmentos da economia brasileira, o agronegócio, o Fórum recebeu um público de 60 pessoas, entre dirigentes e comunicadores de cooperativas, e a imprensa especializada.
A abertura do evento ficou por conta do presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius, do presidente da FecoAgro/RS e diretor secretário da Ocergs, Paulo Pires, e a representante da Rede Brasil de Jornalistas Agro, Lúcia Achutti. Perius destacou a importância do evento para possibilitar aos jornalistas da mídia especializada um espaço para debater e ampliar o conhecimento sobre o agronegócio cooperativista.
Expressão da Expodireto Cotrijal
Na sequência, o primeiro painelista a se apresentar foi o presidente da Expodireto Cotrijal, Nei César Mânica, que apresentou o case “A Real Expressão da Expodireto Cotrijal”. Sob a coordenação do presidente da Cenecoop, Osvaldo Conte, Mânica falou sobre a constituição da Expodireto, sua evolução ao longo dos anos e os resultados obtidos. Segundo o dirigente cooperativista, a Cotrijal é responsável por todos os investimentos realizados em infraestrutura na Feira, não tendo participação da iniciativa pública.
Mânica lembrou que a primeira edição da Expodireto, realizada em 2000, contou com a participação de 114 expositores e reuniu 41 mil visitantes, alcançando um faturamento de R$ 21 milhões. Neste ano, o volume de negócios dos 505 expositores chegou a mais de R$ 3,2 bilhões, com a presença de 235.200 visitantes no Parque.
Produção de soja e milho é destaque na região
De acordo com Mânica, a produtividade média de soja na região da Cotrijal é 10% maior que no Estado e 33% maior que no Brasil, principalmente em virtude da qualificação na assistência técnica. Já em relação ao milho, a média de produtividade da Cotrijal é 90% maior que a do RS e do Brasil. Os números reforçam o crescimento da Expodireto ao longos dos últimos anos, que contou com apoio e ampla divulgação da imprensa. “Vocês (imprensa) são um dos pilares do nosso tripé. A imprensa foi fundamental para nós mostrarmos a realidade do agronegócio”, agradeceu Mânica.
O presidente da Expodireto Cotrijal destacou que mais de 65% dos associados da Cooperativa são pequenos ou mini produtores. “Ela (a Cotrijal) é grande porque o somatório das pessoas faz ela grande”, afirma Mânica. O dirigente também falou que a ideia da Expodireto é fazer mais eventos do cooperativismo durante o ano, como se tem na Europa atualmente, com infraestrutura de vários pavilhões centralizados. O dirigente cooperativista falou também sobre o papel do dirigente e a importância da valorização do produtor rural. “Se nós dirigentes não enxergarmos o produtor, não tem razão de nós sermos dirigentes, nós temos que olhar o produtor”, completou.
Presidente da CCGL apresenta segundo painel do Fórum
O segundo Painel do Fórum foi ministrado pelo presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Vianna, que apresentou o tema “Projetos Agroindustriais Intercooperativos”. Participaram deste Painel, como debatedor o secretário da Cooperativa Piá e presidente da Câmara Temática do Leite da Ocergs, Jeferson Smaniotto, e como coordenador o presidente da Cosuel e do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), Gilberto Piccinini.
Vianna destacou que a CCGL foi a primeira empresa brasileira que fez a coleta de leite em granel, utilizando caminhões tanques com isolamento isotérmico ao invés dos latões de beira de estrada que eram utilizados, demonstrando uma preocupação e um cuidado antigo da Cooperativa com a qualidade do leite.
O dirigente falou sobre o projeto de campo da CCGL, de desenvolver uma tecnologia que seja aplicada nas propriedades rurais pelos departamentos técnicos das cooperativas, para fazer desenvolvimento de produtores com baixo investimento, olhando as condições de produção do RS, não copiando sistemas importados. “O objetivo é desenvolver um modelo próprio, que potencializasse as nossas condições e desse para os nossos produtores a maior rentabilidade”, explicou o presidente da CCGL.
Após destacar o desenvolvimento dos produtores através de pesquisa, experimentação e assistência técnica, o dirigente cooperativista ressaltou também o conceito implantado pela CCGL e instituído pela Câmara de Vereadores de Cruz Alta – município sede da Cooperativa - de fazer o rateio de ICMS adicionado de industrialização com os municípios de origem da matéria-prima.
Terminais portuários da CCGL registram recordes
Na sequência, Vianna falou sobre os terminais portuários Termasa e Tergrasa, administrado pela CCGL. O dirigente enfatizou a importância dos terminais terem ficado sob a gestão das cooperativas. Segundo o presidente da CCGL, no escoamento das safras agrícolas da região Sul do Brasil, os terminais foram consolidados como os melhores, mais eficientes e de menor custo em 2013. “Nós temos 75% de toda soja gaúcha expedida no RS passando por estes dois terminais e 14% de toda exportação do Brasil”, destaca Vianna. Em 2014, a CCGL registrou recorde na expedição de grãos via os terminais Termasa e Tergrasa no porto de Rio Grande, alcançando aproximadamente a marca de 8 milhões de toneladas.
Após, o presidente da CCGL falou sobre aquilo que considera como o caminho para o cooperativismo. “O grande caminho do cooperativismo é a intercooperação”, afirmou o dirigente. Atualmente, a CCGL tem associadas muitas das principais cooperativas agropecuárias gaúchas, o que representa um universo de 171 mil produtores rurais, em mais de 350 municípios do RS.
Roberto Rodrigues palestra sobre as Perspectivas do Agronegócio Cooperativo
Após a apresentação dos painéis, o ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, falou sobre as “Perspectivas do Agronegócio Cooperativo”. Com ampla experiência no cenário nacional e internacional, o também ex-presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) explanou sobre a conjuntura do cenário atual do ramo Agropecuário, bem como sobre as expectativas e perspectivas para o crescimento e desenvolvimento do setor. A palestra contou com a presença dos dirigentes Paulo Pires e Vergilio Perius, nas funções de debatedor e coordenador, respectivamente.
Rodrigues falou que a agricultura brasileira é destaque no exterior e que nenhum país fez os ajustes que o Brasil fez. “Há um respeito pela agricultura e pelo agronegócio e isso se dá em função do trabalho da imprensa”, ressaltou o dirigente, explicando que a mídia contribuiu de forma decisiva para a construção deste cenário positivo. “Os países que concorrem conosco tem medo do Brasil”, disse Rodrigues, elencando as virtudes e potencialidades da agricultura brasileira, que tem terra disponível, energia tropical e produtores qualificados.
O dirigente alertou que o Brasil precisa investir em acordos bilaterais, pois atualmente 40% do comércio de agricultura mundial vem de acordos bilaterais. Além disso, Rodrigues falou sobre a sua ideia e projeção para os próximos dez anos, período em que considera que o Brasil tem que ser responsável por 40% da maioria dos alimentos no mundo, em razão de suas potencialidades na agricultura.
Rodrigues também falou sobre o seu artigo, que trata do processo de democracia em rede, no qual a concepção é que em rede se estabeleçam regras, com valores democráticos claros e visíveis, com princípios em favor de uma sociedade mais organizada. “No mundo tem 1 bilhão de cooperativistas, informalmente 1 bilhão de pessoas ligadas a cooperativas (...) os cooperativistas têm mais da metade de pessoas no mundo, nenhuma religião tem tanta gente filiada assim como tem a doutrina do cooperativismo. Então, temos uma estrutura de número de pessoas, incontestavelmente a maior do planeta. Por que não criar uma nova democracia em rede sobre os auspícios do cooperativismo?”, propõe o dirigente.
Segundo Rodrigues, o cooperativismo possui princípios e uma doutrina que é aceita em todos os países, em conjunto com uma organização vertical e horizontal. Por fim, o ex-ministro da Agricultura lembrou a criação dos sete princípios do cooperativismo em 1995, quando atuou como presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), que foram criados com uma preocupação com a comunidade, e complementou afirmando que o cooperativismo pode atuar no desenvolvimento da “comunidade universal”, pois a sua missão transcende a fronteira cooperativa.
O presidente da FecoAgro/RS e diretor secretário da Ocergs, Paulo Pires, participou da abertura do Fórum e atuou como debatedor da palestra de Roberto Rodrigues
Representação